Por que ler Borges é uma questão que não tem sua melhor resposta na vida do escritor argentino – pois ele não teve exatamente uma existência cheia de acontecimentos. Porque a passou, de fato, em meio à escuridão da cegueira e ao silêncio das bibliotecas. Daí a exuberância, não compensatória, mas proporcional (mesmo se inversamente), de sua obra. Dizer que ela é labiríntica é repetir um clichê. Talvez valha a pena, então, ressaltar outros de seus múltiplos aspectos: a clareza da construção das frases, a brevidade, o humor, a mistura de erudição e fantasia, de poesia antiga e literatura policial – que criam, em suma, o nome mais fantástico da literatura hispano-americana moderna.
Sobre o Autor
Ana Cecilia Olmos, graduada em letras modernas pela Universidad Nacional de Córdoba, Argentina, é professora de literatura hispano-americana da USP, especialista em literatura e cultura hispano-americana do século XX. É autora, entre outros, de "Intelectuales, instituciones, tradiciones" (Javier Lasarte [org.], Territorios Intelectuales. Pensamiento y cultura en América Latina, Caracas, La nave va, 2001) e de "Releituras de Borges. A revista Punto de Vista nos anos 80" (Jorge Schwartz [org.], Borges no Brasil, São Paulo, Edunesp, 2001).