A discriminação contra a mulher e o negro no Brasil é socialmente construída para beneficiar quem controla o poder econômico e político. E o poder é macho e é branco. Heleieth Saffioti, ensaísta, socióloga e advogada, mostra que esse processo baseia-se no patriarcado, no racismo e no capitalismo. Assim, fica claro que é o conjunto desses três sistemas que deve ser enfrentado, visando à construção de uma sociedade mais justa. Historicamente, a luta contra apenas uma dessas características de dominação mostrou-se um erro e resultou em derrota.
Heleieth Iara Bongiovani Saffioti (Ibirá, 4 de janeiro de 1934 - 13 de dezembro de 2010) foi uma socióloga marxista, professora, estudiosa da violência de gênero[1] e militante feminista brasileira.
BIOGRAFIA
Filha de uma costureira e de um pedreiro, nasceu em uma pequena cidade do Estado de São Paulo. Graduou-se em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) em 1960, quando começou suas primeiras pesquisas acadêmicas sobre a condição feminina no Brasil, tema que seria objeto de sua tese de livre-docência para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), intitulada A mulher na sociedade de classe: mito e realidade, sob orientação do professor Florestan Fernandes, defendida por Heleieth em 1967 e publicada pela editora Vozes em 1976. O livro foi um best-seller na época e constitui até hoje uma referência nos estudos de gênero.[2]
Foi professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professora visitante na Faculdade Serviço Social da UFRJ. Criou um Núcleo de Estudos de Gênero, Classe e Etnia na UFRJ, orientou teses na PUC-SP e se aposentou pela Unesp (campus de Araraquara), da qual era professora emérita.
Em 2005, foi incluída na indicação coletiva de 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz, feita pela organização suíça Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, visando o reconhecimento do papel das mulheres nos esforços pela paz. Dentre as 1000 mulheres estavam 51 brasileiras, como Zilda Arns e [[]].
Heleieth Saffioti era casada com o químico Waldemar Saffioti, professor, autor de livros didáticos e vereador em Araraquara. Em 2000, pouco depois da morte do marido, Heleieth decidiu doar à Unesp a chácara do casal, em Araraquara, para que se transformasse em centro cultural. O local pertenceu ao tio de Mário de Andrade, que lá escreveu Macunaíma.[3]
FALECIMENTO
Heleieth Saffioti se manteve ativa até o fim de sua vida. Morava com sua mãe, Angelina. Morreu aos 76 anos, devido a uma hipertensão arterial sistêmica. Não deixou filhos.
PRINCIPAIS LIVROS PUBLICADOS
Profissionalização feminina: professoras primárias e operárias. Faculdade de filosofía, ciências e letras. 1969
A mulher na sociedade de classes. Editora Vozes.1976
Emprego doméstico e capitalismo. Editora Vozes.1978
Do artesanal ao industrial: a exploração da mulher : um estudo de operárias têxteis e de confecções no Brasil e nos Estados Unidos. 1981
O fardo das trabalhadoras rurais (1983)
Mulher brasileira: opressão e exploração. Editora Achiamé. 1984
Poder do macho. Editora Moderna.1987
Mulher brasileira é assim (1994)
Suely Souza de Almeida (1995). Violência de gênero: poder e impotência. Revinter. ISBN 978-85-7309-044-4.
Gênero, patriarcado, violência. Editora Fundação Perseu Abramo. ISBN 978-85-7643-002-5.