TORNAR-SE NEGRO OU ÍNDIO: A LEGALIZAÇÃO DAS IDENTIDADES NO NORDESTE BRASILEIRO ED.1
Description:... No sertão nordestino assolado pela pobreza, grupos de camponeses têm sido reconhecidos como tribos indígenas ou descendentes de antigas comunidades de quilombo pelo governo brasileiro desde a década de 1970. Neste livro, a autora explica como dois desses grupos, vizinhos e aparentados, passaram a se autoidentificar como distintos do ponto de vista etnorracial e recorreram a leis federais diferentes em sua luta por reconhecimento e terra.
Os efeitos dos novos reconhecimentos tribais e quilombolas são com frequência vistos pelo prisma do discurso racial. Contudo, é importante entender que o discurso racial no Brasil opera de forma diferente dos Estados Unidos, que se orientam pela regra histórica da hipodescendência (a “lei de uma gota de sangue”) e anos de definições legais baseadas no sangue e na genealogia. No Brasil, há pessoas que podem parecer brancas, mas se autoidentificam como negras, e pessoas que aparentam ser negras, mas se autoidentificam como indígenas. Isso ocorre porque no Brasil, o compromisso político frequentemente antecede a designação racial; nos Estados Unidos, a designação racial quase sempre tem precedência sobre o compromisso político.
Este não pretende ser mais um livro sobre relações raciais, lutas indígenas ou o movimento de consciência negra no Brasil; sua preocupação é fundamentalmente com a forma como cada uma dessas questões se inter-relaciona com - e pode até reformular - a lei e seus efeitos sobre a vida de pessoas como as que habitam as margens do rio São Francisco no Mocambo e a ilha de São Pedro.
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