Saberes e poderes no mundo antigo: estudos ibero-latino-americanos. volume II - dos poderes
Description:... Que investigadores da Península Ibérica estudem a História de Roma poderá não constituir admiração, porque os Romanos estiveram lá, há vestígios das suas cidades, subsistem inscrições a dar conta de nomes de pessoas e de divindades... Poderia, porém, estranhar-se que a América Latina assistisse, cada vez mais, a redobrado interesse pelo que aconteceu nessas remotas eras. Não é de admirar! A identidade de cada um dos países postula o reencontro das suas raízes – e essas estão, não há dúvida, nas margens mediterrânicas. Temos, pois, ementa bem recheada e variada, opiparamente servida por mais de uma trintena de investigadores, provenientes de universidades do Brasil, da Argentina, de Portugal, do México, Uruguai, Chile, Espanha. Fecunda e diversificada panorâmica esta, em que a arrumação temática vivifica o já de per si variegado cromatismo do mosaico. Toda a documentação da mais variada índole é, pois, chamada a intervir para traçar uma perspectiva abrangente tanto no espaço como no tempo, pois que por aqui perpassa toda a Antiguidade Clássica (Grécia e Roma) desde o Oriente ao Ocidente, desde uma Corinto arcaica ao papel desempenhado pelos Vândalos na «transição entre a Antiguidade e o feudalismo»… As manifestações artísticas, mesmo que em singelos artefactos cerâmicos, revelam perspicaz olhar sobre a realidade circundante. Uma das características, a meu ver, da investigação sobre História Antiga na América Latina reside no recurso às fontes literárias, cuja análise entusiasma, dado que aí, inclusive, se «experimentam» aplicações de teorias sobre a História e a Sociedade. Aliás, não surpreende a influência do quotidiano (agora, global): identidade e confronto, o local versus o global, o pragmatismo do concreto contra a aparente inutilidade da abstracção… E essa misteriosa simbiose entre os poderes político, económico, militar e religioso? Sentimo-la intensamente nos nossos dias, mais ou menos evidente aqui e além.
The fact that Iberian researchers study the history of Rome is not too surprising, as the Romans were in Iberia, and the remains of their cities, people and gods can be found all over the Peninsula. However, it might at first sight seem surprising that Latin America should show much interest in what happened in those remote times. Yet each country forges its identity by searching for its roots – and theirs were, undoubtedly, on the shores of the Mediterranean. Thus, we have a very long and varied menu, abundantly served by over thirty researchers from universities in Brazil, Argentina, Portugal, Mexico, Uruguay, Chile and Spain. This is a very fertile and diversified panorama in which a very colourful mosaic is enlivened by thematic unity. The volume draws upon a great range of documentation to trace a broad perspective in space and time, covering the whole of Classical Antiquity (Greece and Rome) from East to West, from archaic Corinth to the role played by the Vandals in the transition between Antiquity and feudalism. It also considers artistic manifestations, such as ceramic artefacts, to shed light upon the way the surrounding reality was perceived. One of the characteristics of Ancient History research in Latin America lies in its recourse to literary sources, which is enthusiastically analysed using theories about history and society. Unsurprisingly, we also see the influence of daily life (now global): identity and confrontation, local versus global, the pragmatism of the concrete versus the apparent uselessness of abstraction… What about that mysterious symbiosis between political, economic, military and religious powers? We feel it intensely nowadays, more or less evident here and there.
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