Memórias de um ferreiro
Description:... As Memórias de um Ferreiro, de Lourenço Chaves de Almeida, foram elaboradas na década de 1940, quase no final da sua vida, altura em que já lhe faltavam condições para se dedicar à arte. Além da idade, foi perdendo familiares e amigos, ao mesmo tempo que escasseava a matéria-prima, em plena II Guerra Mundial. Assim, socorrendo-se da recordação das vivências e dos testemunhos que fora guardando, durante mais de meio século, resolveu escrever as Memórias, partilhando, com os vindouros, muito de um passado histórico recente que tinha testemunhado. Trata-se de uma fonte excecional – histórica e humana –, pelas informações que contém e pelo que revela da personalidade e da vida do autor. Como documento autobiográfico, esclarece aspetos significativos das origens, dos antecessores, da vida familiar e dos descendentes. No texto, ao qual dedicou especial atenção, destacam-se três vertentes: formação, vida artística e relação com os outros. Descreve com certa minúcia: origens e educação familiares; experiência na oficina do pai; passagem pelo seminário; experiência como militar, desde a recruta ao curso de espingardeiro e à mobilização, no âmbito da I Guerra Mundial. Tendo chegado a Coimbra – então a “capital” do ferro forjado – já como mestre, salienta o papel do complemento de formação que foi ali adquirindo, nas oficinas e no contacto com outros artistas, na Escola Livre das Artes do Desenho e na relação próxima que estabeleceu com António Augusto Gonçalves e Joaquim Teixeira de Carvalho. Da atividade artística destaca as obras mais emblemáticas, respetivas exposições e apreciação que lhes era feita, na imprensa. Houve dois períodos marcantes na obra do autor, aos quais dá relevo: participação no primeiro conflito mundial e encomenda, execução e instalação do Lampadário, no Mosteiro da Batalha. Na sua relação com os outros, sublinha o convívio amistoso com Afonso Lopes Vieira – seu amigo e conselheiro –, a colaboração dada a António Augusto Gonçalves, na Escola Livre das Artes do Desenho e na direcção do Museu Nacional de Machado de Castro e a forma como se relacionou com militares (camaradas e altas patentes) e políticos, incluindo o Presidente da República e o Ministro da Educação Nacional, que muito apreciaram as suas obras, expostas em Lisboa.
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