O Escravo em Cartas do Conde do Pinhal para sua Esposa: Um Estudo Semântico Enunciativo
Description:... Apesar da dificuldade de se encontrar dados e documentos precisos referentes à escravidão em São Carlos, o escravo esteve presente em todo o processo de desenvolvimento da cidade, porém, ele é silenciado ao longo da história. Assim, por meio de um olhar enunciativo fornecido pela teoria da Semântica do Acontecimento, desenvolvida pelo estudioso brasileiro Eduardo Guimarães, o presente trabalho aborda a palavra escravo e sua designação ao longo das cartas do Conde do Pinhal para Anna Carolina, sua esposa, conhecida como Naninha. O meu objetivo é o de estudar as designações de escravo e também identificar as designações de escravo na relação com o nome próprio, adotando, dessa forma, a perspectiva de que o acontecimento é o funcionamento da língua. Para isso, utilizei alguns recursos do aporte teórico-metodológico da Semântica do Acontecimento, como espaço enunciativo, cena enunciativa, agenciamento enunciativo, temporalidade, político, designação, articulação, reescrituração e DSD desenvolvidos por Guimarães, pertinência enunciativa, domínio de referência, força de progressão, força de retrospecção por Dias e argumentação e pressuposição por Ducrot. Diante disso, realizei o estudo da designação de escravo, silenciada nesse espaço enunciativo. Esse silenciamento se dá por meio da dificuldade de se encontrar dados e documentos precisos referentes à escravidão em São Carlos, e isso se deve à determinação de 1890, que ordenava a incineração de documentos que comprovavam a propriedade do escravo. Ou seja, tal medida é uma das várias tentativas de silenciar e evitar que o escravo e seus sentidos e sua significação ganhassem espaço. Também analisei o funcionamento dos nomes próprios no presente do acontecimento enunciativo das cartas, o que me levou a observar que os nomes próprios referenciam à palavra escravo, já que os nomes próprios ora são determinados pelo tipo de trabalho desenvolvido, ora pela cor da pele, ora pelo funcionamento do nome em outras enunciações que, por meio da relação de integração, mostra-nos o sentido de escravo; assim temos que os nomes próprios designam escravos.
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