Este livro, de Nelson Rodrigo Pedon, fruto do trabalho de diversos pesquisadores, faz uma análise dos movimentos sociais sob a perspectiva geográfica, com base na formulação de movimentos socioespaciais e movimentos socioterritoriais.
Quando ainda era estudante de geografia, o pesquisador decidiu investigar a forma como os moradores de um bairro da periferia se organizavam para, em busca de soluções para os problemas locais, chamar a atenção do poder público. Ele então deu início à sistematização de ideias que o induziram a propor uma hipótese: nas relações de poder que os homens estabelecem entre si, o espaço adquire condição de território; dessa forma, a ação política de grande parte da classe trabalhadora envolve a conquista do espaço – e, portanto, a delimitação de seu poder manifestado na forma de território amplia suas capacidades, permitindo maior controle sobre os processos que condicionam suas vidas.
A partir dessa formulação e de pesquisas sobre reivindicações populares junto a uma associação de moradores, o autor estabeleceu a relação entre topografia, condições de vida e participação política, imprescindível para que ele pudesse refletir sobre a importância da Geografia na compreensão dos processos sociais, cuja questão fundamental, ele afirma, é essencialmente territorial. “Esta obra pode ser considerada como um esforço de afirmação da identidade da ciência geográfica no conjunto das ciências humanas”, escreve Pedon.